Quer Ganhar 1 Milhão ? Mude a forma de pensar.

Primeiramente, o que faço para ganhar 1 milhão de reais ?

Ganhar 1 milhão de reais é algo não complexo se a pessoa estabelecer algumas regras e técnicas específicas.

Antes de mais nada, quero convidar você a assistir este vídeo breve do Gustavo Cerbasi sobre a “mentalidade” diferente existente, por exemplo, entre o brasileiro e entre o americano no que se refere as finanças e os objetivos pessoais, pois a diferença de cultura é fundamental na tomada de decisões.
Assista e em seguida conversamos…:

https://www.youtube.com/watch?v=RaAyOBe2sZo

Esta semana travei uma discussão interessantíssima com o Zé da Silva, blogueiro do Clube do Pai Rico, sobre a estratégia Buy and Hold. Recentemente, publiquei artigo no qual procurei demonstrar a superioridade da estratégia Buy and Hold no longo prazo, mesmo que no curto prazo o investidor tenha perdas temporárias. Procurei mostrar que um investidor que tenha investido em uma empresa boa, que tenha lucros crescentes, pode se sair muito bem no longo prazo, mesmo que o mercado passe por crises bastante longas. O artigo gerou uma série de polêmicas a respeito da estratégia, e espero esclarecer o seu significado.

Alguns dos leitores do Clube do Pai Rico praticamente me chamaram de louco. Mario Prado disse: “Desculpem, mas acho esse tipo de estratégia no mínimo suicida ! Quem garante que o longo prazo lhe dará rentabilidade? Pergunte aos investidores japoneses que compraram ações daquele mercado em 1988 se eles já estão no lucro !! Já se passaram mais de 20 anos e a bolsa Nikkei ainda não superou o topo histórico atingido naquele ano”. O leitor Carlos_fab disse ainda o seguinte: “Ninguém preve o futuro.. nem as melhores análises.. guerras, crises, falências, infinitas coisas.. o que define um vencedor é a capacidade de se abandonar na hora certa, assumindo prejuízos pequenos se for o caso, e analisar oportunidades ao tempo que elas forem aparecendo.” E André Gusmão acrescentou: “A forma mais fácil de investir dinheiro é a que está sendo anunciada nesta matéria, ou seja, compre e deixa esquecido por anos…. infelizmente essa também é a maneira mais fácil de se queimar dinheiro.” Victor arrematou: “Eu também acho completamente suicida e não tem análise fundamentalista ou técnica que diga que fazer preço médio é uma estratégia muito boa…Quem não lembra do caso da General Motors que há menos de 5 anos era considerada uma das empresas mais sólidas do mundo por ter o maior ativo imobilidado do mundo e em 2008 quase foi a banca rota, sendo semi-privatizado e tendo sua negociação interrompida em NY?”

O texto gerou tanta polêmica que Zé da Silva escreveu um postno blog, explicando a opinião dele sobre a estratégia Buy and Hold. Inicialmente, ele traduziu a expressão como “compre e esqueça”, e depois a corrigiu, corretamente, para “comprar e segurar”. Primeiramente, ele descreveu o que chama de “Buy and Hold xiita”, descrito nos seguintes termos:

O B&H xiita é aquela pessoa que literalmente compra e esquece. É aquele investidor que costuma dizer: “estou comprando estas ações para os meus netos”. Ela simplesmente compra a ação da empresa “x” por toda a vida, sempre que pode compra mais, sempre que é feita uma distribuição de dividendos o dinheiro é reaplicado. Exatamente como foi mostrado no texto do Fábio. É o B&H purista, que adotou essa estratégia por que dá certo, porque muitos foram os investidores que fizeram fortuna usando-a. E é justamente por isso que tenho medo, porque deu certo. Quem garante que continuará dando?

Depois de descrever o B&H xiita, Zé da Silva descreve o que chama de Buy and Hold 2.0, que utilizaria estratégias como o lançamento coberto de opções e o aluguel das ações, além de definir estratégias de venda da ação. E, por fim, critica quem diz “Mas a estratégia Buy & Hold deu certo por tanto tempo…”, dizendo que poderia listar vários exemplos que não deram certo, dizendo que não tem como o investidor saber qual de suas ações terá um bom desempenho no longo prazo.

Pois bem: é a hora do pequeno investidor responder às críticas e defender a estratégia Buy and Hold. Para isso, espero explicar um pouco melhor a estratégia, para evitar uma compreensão equivocada.

1. O que significa Buy and Hold

Se formos nos apegar ao sentido literal do termo, “Buy and Hold” significa “Compre e segure”. A ideia por trás do termo é que, no longo prazo, o investidor que comprar ações e segurá-las ao longo do tempo usufruirá do crescimento de seus lucros e, portanto, usufruirá de bons lucros.

Essa é a ideia básica por trás da estratégia. Mas ser um holdervai além da mera compra de papéis e de sua manutenção na carteira ao longo dos anos. É preciso saber exatamente o quê o investidor está comprando. Um holder não apenas compra ações; ele compra ações de boas empresas – empresas que, ao longo do tempo, têm mostrado eficiência e capacidade de gerar lucros cada vez maiores, sem assumir dívidas que poderiam onerar sua capacidade produtiva no longo prazo.

1 milhão de reaisOu seja, a ideia de analisar os fundamentos das ações está na base da estratégia. Zé da Silva diz, em seu artigo, que “Muitos dirão que isso (o sucesso da estratégia) depende da análise do investidor, que se bem feita o afastará das empresas que não trarão bom resultados. Sim … quem sabe uma meia dúzia de pessoas estejam preparadas para isso, e o restante?”. O problema é que, quem só compra ações e as mantém, sem analisar minimamente a empresa, não está utilizando a estratégia Buy and Hold, mas a Buy and Forget (Compre e esqueça)!

Zé da Silva trata a análise da empresa como se fosse um aspecto secundário da estratégia, o que não é verdade. A análise dos fundamentos da empresa está na base da estratégia Buy and Hold: antes de comprar, o investidor deve analisar os balanços das empresas, ler as notas explicativas, fazer o “dever de casa”. Não adianta sair comprando qualquer coisa e achar que vai dar certo, e isso não é Buy and Hold. Isso é roleta russa, cassino, qualquer coisa, mas não é Buy and Hold.

Ser um holder pressupõe estudar, conhecer um pouco de economia, um pouco de finanças, ler e interpretar balanços. Zé da Silva diz: “quem sabe meia dúzia de pessoas estejam preparadas para isso, e o restante?”. Se o restante não está preparado para ser um holder, não é um holder. Só a meia dúzia que está preparada é que pode se chamar de holder. Simples assim. Mas estudar não é exclusividade da estratégia Buy and Hold. Se alguém quer ser um trader, que gosta de comprar e vender ações com base na análise técnica, também tem que estudar. Se vai na onda de analistas, pode até se chamar detrader, mas não é. É apenas um sujeito jogando dinheiro e que, depois de perdê-lo, vai dizer que a bolsa é um cassino.

E, no cassino, quem ganha é a banca, já diria Roberto Rezende, um amigo meu que é um excelente investidor. Sem estudo, você não vai ganhar dinheiro, e vai depender da sorte para ganhar.

2. O sucesso passado da estratégia Buy and Hold

Outro argumento apresentado foi o de que o fato de a estratégia Buy and Hold ter dado certo no passado não é garantia nenhuma de que dará certo no futuro. Com certeza! Não discordo disso.

Mas… o problema do argumento é pressupor que o sucesso da estratégia Buy and Hold decorre de seu sucesso no passado. E isso é uma mentira. Buy and Hold não dá certo porque deu certo, mas porque parte de premissas que fazem sentido! A estratégia recomenda comprar ações de empresas que, comprovadamente, têm uma boa administração, são lucrativas (com lucros crescentes), têm dívida equacionada, têm vantagem competitiva durável contra suas concorrentes, a um preço razoável. São critérios lógicos, razoáveis, que fazem sentido. Ou você acha que vai conseguir ganhar muito dinheiro no longo prazo investindo em uma empresa mal administrada, que só dá prejuízo, têm dívidas crescentes?

Você talvez consiga ganhar muito dinheiro com empresas que dão prejuízo, negociando no curto prazo. Muita gente ganhou muito dinheiro com as ações da Varig há alguns anos. Algumas pessoas talvez consigam fazer algum dinheiro com as ações do Banco Panamericano, agora. Mas, no longo prazo, dificilmente esta será uma estratégia razoável.

3. Suicídio? Entenda porque o exemplo japonês não desmente o sucesso da estratégia Buy and Hold

Alguns leitores do Clube do Pai Rico costumam lembrar do caso do Japão, como um exemplo de situação em que o investidor Buy and Hold teria tido prejuízo (um deles chegou a chamar a estratégia Buy and Hold de suicida). Mas a comparação é injusta. No fim da década de 1980, a bolsa de valores japonesa estava no seu topo histórico, em patamares absurdamente irracionais. Para que o leitor tenha uma ideia, o índice Nikkei chegou a um índice P/L médio superior a 100, na época. Isso quer dizer que, em média, as empresas estavam sendo negociadas no mercado por 100 vezes o valor de seu lucro líquido. É um patamar absurdamente caro; para que o leitor tenha uma ideia, hoje o P/L médio do Ibovespa está na casa dos 14, e já tem gente achando que nossas ações estão caras! Imagine a 100!

Nessas condições, nenhum holder digno do nome investiria em ações japonesas. Comprar ações de boas empresas não basta na estratégia Buy and Hold; é necessário que as ações sejam compradas a um preço razoável. Não era o caso do Japão, na década de 1980 e, portanto, o exemplo não pode ser trazido como uma ilustração de fracasso da estratégia Buy and Hold.

4. Ninguém prevê o futuro…

Um dos leitores do Clube do Pai Rico ainda disse que a estratégia Buy and Hold é equivocada porque ninguém pode prever o futuro.

A questão é: a estratégia Buy and Hold não parte do pressuposto de que se pode prever o futuro! Boa parte do que oholder analisa é a capacidade que a empresa demonstrou, no passado, de produzir lucros. Afinal, se ela mostrou essa capacidade no passado, é bem possível que manterá seus resultados no futuro. É um juízo de probabilidade, não de certeza! Ninguém sabe — nem o analista técnico — o que vai acontecer amanhã, depois de amanhã, ou nos próximos dez anos. Mas, se uma empresa tem sido bem administrada, tem aumentado seus lucros, mostrado capacidade excelente de gerenciamento, é razoável supor que continuará a aumentar seus lucros no futuro também. Ou alguém acha que a Coca Cola vai perder seu mercado de uma hora pra outra, que a Ambev vai deixar de ser uma excelente cervejaria em 2012 ou que o Banco Itaú Unibanco vai trazer anos seguidos de prejuízos a partir de 2013?

Um passado espetacular não é garantia de futuro brilhante, mas é um bom indicador. Se as coisas começarem a mudar, isso se refletirá nos balanços da empresa. As dívidas começarão a aumentar, os concorrentes começarão a galgar maior sucesso, os lucros declinarão aos poucos… tudo isso tem que ser observado pelo holder.

Um holder também considera que pode estar errado. Até por isso, é aconselhável que o investidor adote uma diversificaçãorazoável em seu patrimônio, para diluir os riscos de uma fraude nos balanços ou de que a empresa que ele julgava excelente se torne, rapidamente, numa empresa ruim. Nada disso tem a ver com falta de confiança na análise,

O mesmo leitor ainda afirmou que o que define um investidor de sucesso é a sua capacidade de abandonar o investimento na hora certa. E um holder não discordaria! Mas, ao contrário do analista técnico, um holder não consideraria que um declínio da cotação da ação é motivo para abandonar o investimento. Pelo contrário, se as perspectivas da empresa continuam as mesmas, não há motivo para vender as ações. Uma queda de 50% não é vista como prejuízo, nesse caso, mas uma excelente oportunidade de comprar uma empresa espetacular a um preço de liquidação!

Um holder só abandonaria seu investimento pelos seguintes motivos: o surgimento de uma oportunidade melhor de investimento, a queda nos indicadores fundamentalistas, preços muito elevados (e injustificados) da ação, e queda de confiança na gestão da empresa. Já escrevi sobre isso em outra oportunidade.

5. Fazer preço médio é ruim?

Outra das críticas apresentadas à estratégia Buy and Hold é a de que a ideia de fazer preço médio é uma estratégia ruim. Victor, que formulou a crítica, lembrou do caso da General Motors como um caso em que a estratégia teria dado errado.

A ideia por trás da estratégia de “fazer preço médio” é a de que comprar paulatinamente ações de uma boa empresa (que satisfaz os critérios a que me referi) garante que o investidor comprará ações a preços que, se não são os mais baixos, também não serão os mais altos. Procurar fundos (os preços mais baixos) e topos (os preços mais altos) não faz sentido. Você nunca sabe quando está em um fundo ou em um topo.

Quando o Ibovespa chegou a 30.000 pontos na última crise, vários analistas técnicos diziam que ele chegaria a 17.000 pontos, ou até a 8.000 pontos. Erraram: a bolsa voltou a patamares pré-crise em cerca de um ano e meio. Quem deixou de comprar naquela época, esperando os 17.000 pontos, perdeu uma das melhores oportunidades de investir. Antes da crise, quando o Ibovespa chegou a 73.000 pontos, alguns analistas técnicos diziam que ela iria a 100.000 pontos. Quem só investiu naquela oportunidade, esperando os 100.000 pontos, tomou um prejuízo danado. Se, ao invés de procurar fundos e topos, o investidor tivesse comprado ações aos poucos, teria baixado bastante seu preço médio e, com certeza, estaria com bons lucros no bolso em boa parte das ações do fundo.

O exemplo da General Motors também é ruim. Fazer preço médio em empresa que dá prejuízo constantemente – como é o caso da GM – é loucura. Como já afirmei, um holder tem que estudar a empresa, analisar seu passado, o desempenho de sua atividade principal. É como tentar fazer preço médio no Banco Panamericano hoje, ou na Varig há alguns anos… não faz sentido algum.

6. Buy and Hold 2.0?

Zé da Silva descreve o que chama de Buy and Hold 2.0, que utilizaria estratégias como o lançamento coberto de opções e oaluguel das ações, além de definir estratégias de venda da ação. Esse “Buy and Hold” turbinado é contraposto ao Buy and Holdxiita, que seria estratégia de comprar ações de qualquer empresa e segurá-la até o infinito.

Como já salientei, o que é descrito como Buy and Hold xiita não é Buy and Hold, mas Buy and Forget. É um espantalho criado pelo autor para descrever a posição, sem atentar para suas particularidades.

Mas… e o Buy and Hold 2.0? É realmente uma inovação ao estilo Buy and Hold?

Na verdade, não. Nada do que Zé da Silva disse sobre o Buy and Hold é novo: definir estratégias de venda da ação é parte da estratégia clássica. Os critérios de venda a que me referi antes já são defendidos há décadas por investidores como Benjamin Graham, Warren Buffett e Phillip Fisher. Alugar as ações ou remunerar a carteira mediante o lançamento coberto de opções também é algo feito há muito tempo por investidores que seguem a linha Buy and Hold. Eu mesmo já escrevi sobre a remuneração da carteira mediante aluguel e somente não escrevi ainda sobre o lançamento coberto de opções porque ainda não estudei o assunto o suficiente para escrever sobre isso.

Enfim… o que sobra do Buy and Hold 2.0? É o mesmo Buy and Hold de antes!

Conclusões

A estratégia Buy and Hold tem um passado magnífico. Segundo Jeremy Siegel, quem investiu em ações utilizando a estratégia de segurá-las por um longo período de tempo (mais de 20 anos) bateu todos os investimentos em renda fixa no mesmo período. Ou seja, comprar e manter ações de boas empresas em sua carteira de investimentos não é apenas mais rentável, como mais seguro ao longo do tempo.

Você poderia pensar que esta é uma característica apenas do mercado norte-americano. Mas o estudo de Siegel mostra que a estratégia de comprar e segurar as ações bateu todos os investimentos de renda fixa nos 16 países estudados entre 1900 e 2006, quando o estudo se encerrou (a 4a edição do livro é de 2008). E, nos Estados Unidos, bate a renda fixa em mais de 90% dos períodos superiores a 20 anos (e em quase 99% dos períodos superiores a 30 anos) desde o início do século XIX. Se alguém souber de estratégia alternativa à Buy and Hold com quase 200 anos de sucesso documentado, por favor me avise!
Fonte: O Pequeno Investidor

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