As Estratégias de Luiz Barsi Filho

Luiz Barsi Filho
Luiz Barsi Filho
Luiz Barsi Filho

 

“Qualquer um poderia se tornar o ‘rei da Bolsa'”, diz investidor bilionário 

Jeans, camisa e óculos pendurado no pescoço. Quem passa por Luiz Barsi Filho pelas ruas do centro da cidade de São Paulo não imagina que o advogado e economista de 74 anos é um dos maiores investidores da Bolsa brasileira. 

Com mais de R$ 1 bilhão aplicados em ações locais e listado em 120º lugar no ranking de bilionários da revista Forbes em 2013, Barsi é uma lenda do mercado disfarçada na imagem de um senhor de cabelos brancos que se camufla diariamente entre os usuários da linha azul do metrô paulista, que usa para ir à corretora em que opera. 

A sua estratégia de sucesso, diz, é usar a Bolsa para construir uma carteira previdenciária com papéis de empresas com bom histórico de pagamento de proventos -fatia do lucro distribuída aos acionistas. 

“Assim, quanto mais a Bolsa cai, mais eu ganho”, afirma. Isso porque aproveita o valor mais baixo dos papéis para comprar mais e, consequentemente, aumentar a remuneração em proventos. 
 
Barsi critica o incentivo do governo à caderneta de poupança, diz que os brasileiros são acomodados à renda fixa e que conseguiu algo que qualquer pessoa alcançaria. 
 
O senhor vem de uma família simples de imigrantes espanhóis. Como se tornou o “rei da Bolsa”?
 
Luiz Barsi Filho – Fiz algo que qualquer brasileiro pode fazer. Basta ter disciplina e paciência. Há 47 anos, comecei a adquirir ações com o objetivo de ter uma carteira previdenciária lastreada em dividendos e juros sobre o capital próprio [fatias do lucro das empresas distribuídas aos acionistas]. 
 
A primeira ação que comprei na vida chamava-se Cia. Antarctica Paulista, hoje incorporada à AmBev [setor de bebidas]. Quando resolvi estruturar a carteira de previdência, comprei a Cesp. 
 
Agora, tenho 15 papéis, sendo 12 de maior concentração, como Banco do Brasil, Klabin [papel e celulose] e Ultrapar [diversos setores, como distribuição de combustíveis e químico]. 
 
Qual o segredo para escolher as melhores companhias? 
 
Comprar papéis de empresas com bom histórico de gestão e resultados reduz drasticamente o risco. É diferente do que aconteceu com as ações do Eike Batista, que vendeu projetos, fantasias. 
 
O pessoal comprou o quê? Uma imagem. Se você só comprar boas ações e as mantiver, não terá dor de cabeça. Não dá para ser especulador. 
 
O senhor possui 15 empresas no atual portfólio. Não são muitas para quem tem mais de R$ 1 bilhão na Bolsa. Acha importante diversificar? 
 
Uma carteira de previdência na Bolsa não se inicia pegando todo o recurso e distribuindo entre várias empresas. Há um elenco de companhias que pagam ótimos dividendos. Tem de comprar no momento certo. 
 
E qual é o momento certo para comprar outras ações? 
 
A diversificação é uma consequência, não necessidade. Se você comprar Eletrobras agora, por exemplo, ela vai deixar de ser um “dividendo inteligente” quando pagar o dividendo, porque o próximo pagamento será só depois de um ano. Então, esse será o ponto certo para diversificar, procurando um novo “dividendo inteligente”. 
 

O senhor se considera parceiro das empresas em que investe. Qual a vantagem em ser parceiro e não o dono de um negócio? 
 
É que ganho sem administrar a empresa. Mas participo. O brasileiro não costuma olhar com esses olhos. Nos EUA, há assembleias de empresas de capital aberto com até 40 mil participantes. 
 
São parceiros que querem estar por dentro, ajudando as companhias a crescer. Lá, isso é bem comum porque eles não têm caderneta de poupança, ou seja, precisam procurar outras formas de ganhar em suas aplicações. 
 
Esse tipo de parceria resiste a momentos de baixa da Bolsa? 
 
Sim, ela se fortalece nas crises. Quando você estabelece um programa de longo prazo, sua torcida é diferente da de quem compra para especular. 
 
No segundo caso, a torcida é para a Bolsa subir. No primeiro -o meu-, a torcida é para a Bolsa cair, para comprar mais. Aí, não se ganha em razão do valor aplicado, mas sim da quantidade. 
 
Se a empresa paga dividendo de R$ 0,10 por papel e você tem 100 ações, o ganho será de R$ 10. E, se tem 1 milhão de ações, lucrará R$ 100 mil. 
 
Mas, quando a Bolsa cai, as empresas também pagam menos dividendos, não é? 
 
Mesmo que as empresas tendam a diminuir o percentual pago em dividendos, você ainda tem a expectativa de receber algo. Não há perda. 
 
O setor elétrico sempre foi visto como bom pagador de dividendos. Essa remuneração aos acionistas caiu após a revisão tarifária. O que o senhor acha disso? 
 
O setor elétrico ainda paga bons dividendos. A Eletropaulo anunciou há pouco o pagamento de dividendo de R$ 0,40 por ação. Essa empresa chegou a pagar R$ 7 de dividendo por ação. Mas isso foi quando o papel custava R$ 40. Hoje, custa R$ 8. 
 
Proporcionalmente, é a mesma coisa. Agora, você pode comprar mais papéis dela. Eu, antes, não tinha Eletropaulo, porque a ação era muito cara. Hoje, tenho. 
 
Se eu pudesse, daria um beijo na boca da presidente Dilma Rousseff. Com essa revisão tarifária, que forçou as companhias elétricas a reduzirem o valor cobrado pela energia, ela derrubou todos os preços [das ações dessas companhias]. Ela criou uma crise no setor e libertou os meus recursos para investir nesses papéis. 
 
Nenhum país vive sem energia. Dilma já está sentindo os efeitos da burrada. Agora, o governo tem de botar a mão no bolso para ajudar as empresas a prosseguir. 
 
Os especialistas colocam a Bolsa como uma aplicação de alto risco. O senhor concorda? 
 
O Collor [ex-presidente do Brasil], em seu primeiro dia de governo, ditou uma lei que acabava com o cruzado novo e instituía o cruzeiro. 
 
Todos tinham aplicações em renda fixa foram encurralados. A partir daquele dia, se você tinha dinheiro no banco, não podia tirar em cruzado novo, porque a moeda era cruzeiro. 
 
Tudo o que era considerado garantido não teve garantia. Por outro lado, aquilo que é considerado de alto risco ficou ileso. Ninguém mexeu com as ações. 
 
Um dia antes da edição do Plano Collor, você vendia ações e recebia em cruzado novo. No dia seguinte, vendia os papéis e recebia em cruzeiro. Não houve nenhum confisco ou bloqueio. Ninguém nunca vai botar a mão nas suas ações. 
 
O senhor fez fortuna na Bolsa, mas a aplicação “queridinha” dos brasileiros é a poupança. Qual sua visão sobre isso? 
 
O brasileiro não norteia suas aplicações para que seja um ganhador. Lamentavelmente, foi induzido a praticar “agiotagem”. Empresta para tudo: para o banco, para o governo. Em geral, não há interesse em procurar outros tipos de aplicação. 
 
O que o senhor acha do principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa? 
 
É apenas um indicador de comportamento e mal constituído, que colocou em sua composição as ações do Eike Batista a R$ 16/R$ 17 e elas acabaram caindo para centavos. Esses projetos do Eike são de difícil recuperação ao longo dos anos. 
 
Eu não compro o índice. Compro bons negócios, já consolidados e com boa expectativa de dividendos. 
 
O senhor não investe em Petrobras. Por quê? 
 
A Petrobras deveria ter 60 mil funcionários, mas tem 250 mil. Então, tenho ações do grupo dono da Ipiranga, que deveria funcionar com 30 mil pessoas e tem 15 mil. É outra filosofia. Dá lucro e paga dividendos.
 
 
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$uce$$o a todos…

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